Exclusão do Milan da Europa League acendeu o sinal de alerta no Velho Continente para o Fair Play Financeiro
Depois da exclusão do Milan da próxima Liga Europa, o Fair Play Financeiro da Uefa ameaça outros gigantes do velho continente e pode aplicar ainda mais punições para as próximas temporadas. Juventus, Manchester City e Paris Saint-Germain são as principais equipes a serem investigadas por uma possível violação do regulamento. A dupla Barcelona e Real Madrid também não pode se descuidar.
Cesar Grafietti, consultor de Gestão e Finanças da CBF, destacou que as equipes europeias enfrentam problemas com três regras específicas. Além disso, ainda listou quais são as possíveis irregularidades das equipes investigadas.
As regras:
Prejuízo acumulado em três anos, que não pode passar dos € 30 milhões
Uso de recursos de proveniência irregular
"Déficit" máximo de € 100 milhões entre compra e vendas de jogadores
Possíveis sanções
Advertência
Repreensão
Multa
Dedução de pontos
Retenção das receitas de uma competição da Uefa
Proibição de inscrição de novos jogadores nas competições da Uefa
Restrição ao número de jogadores que um clube pode inscrever para a participação em competições da Uefa, incluindo um limite financeiro sobre o custo total das despesas com salários dos jogadores inscritos na lista principal para a participação nas competições europeias
Desqualificação das competições em andamento e/ou exclusão de futuras competições
Retirada de um título ou prêmio
Caso Milan
O Milan sofreu a punição porque desrespeitou a primeira regra e apresentou um prejuízo superior aos € 30 milhões na soma dos últimos três anos. Os Rossoneri vêm tendo dificuldade nesse ponto desde o triênio 16/17/18. Nos últimos quatro anos, o prejuízo do do Milan foi de € 400 milhões. As primeiras punições aplicadas ao clube foram de multa no valor de € 17 milhões e a limitação na inscrição de jogadores, mas, com a suspensão da Liga Europa, as primeiras sanções foram retiradas. O Milan já havia pagado € 7 milhões.
Nenhuma outra grande equipe apresenta prejuízos no triênio 17/18/19. A situação pode ser diferente em 2020, mas é pouco provável que a Fifa precise abrir uma nova investigação, já que os clubes não costumam trabalhar em déficit. O valor do prejuízo ainda pode sofrer um reajuste caso o clube investigado apresente um aumento de capital que reequilibre o número. Caso o valor devido passe dos € 30 milhões, o clube pode negociar para se reajustar no próximo período de avaliação.
Manchester City e Paris Saint Germain
A segunda regra costuma ser problema para alguns dos "novos ricos" do futebol. Tanto Manchester City quanto PSG cresceram depois de receber investimento de fora para as contratações. Porém, a Fifa também impõe limites para clubes que contam com aportes desse tipo. Os franceses, por exemplo, foram julgados pelo dinheiro que receberam para fechar as contratações de Neymar e Mbappé, mas conseguiram reverter a punição na Corte Arbitral do Esporte (CAS).
O regulamento prevê que somente 15% das receitas dos clubes venham de um mesmo grupo de empresas. Além disso, o investimento deve ser feito na forma de patrocínio. O City vem sendo investigado porque as receitas de fora estão acima da porcentagem permitida. O clube se defende alegando que o investimento excedente não é de um único grupo, mas sim de empresas diferentes e sem qualquer relação. Se punido, o atual campeão inglês pode acabar excluído do torneio continental, mas somente na temporada 2020/21.
Juventus
A Juventus está sendo investigada na regra número três devido a aquisição de Cristiano Ronaldo, que circula em torno dos € 100 milhões. Porém, esta não foi a única transferência da equipe na última temporada, e a Fifa estuda as movimentações da Velha Senhora no mercado para determinar se a equipe se regularizou.
Esta regra foi criada depois das aquisições de Neymar e Mbappé por parte do Paris Saint Germain. Por isso, apesar de ser o "responsável" pela criação da regra, a equipe da capital francesa não está sendo investigada por descumpri-la.
Barcelona e Real Madrid
A dupla de gigantes espanhóis pode acabar investigada na terceira regra. O Real Madrid já anunciou as contratações de Hazard, Jovic, Militão, Mendy e Rodrygo, somando € 303 milhões em reforços. Em contrapartida, os merengues já venderam Llorente, Kovacic e Theo Hernández, recuperando mais de € 100 milhões. Se não contratar mais ninguém, a equipe precisa alcançar os € 203 milhões. Recentemente, o "Marca", da Espanha, fez uma lista de jogadores que o Real teria posto à venda.
O Barcelona ainda não ultrapassou o valor permitido em contratações, mas o time tenta as contratações de Griezmann e Neymar e, para consegui-las, fará um investimento no mínimo próximo ao do Real Madrid. A equipe da Catalunha tenta envolver alguns de seus jogadores nas negociações para evitar o Fair Play Financeiro.
Ainda assim, a regra três é a mais flexível delas. Mesmo que um clube ultrapasse o valor, a punição é revertida em uma simples advertência caso a equipe seja capaz de provar que tenha fundos para arcar com os valores prometidos. Porém, caso o clube não apresente provas suficientes, a punição costuma ser severa.
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