Reinaldo

Após vazamento de conversas nada Republicanas, situação de Romero Jucá no governo é insustentável

Furo jornalístico não é, claro que ninguém tinha apresentado um áudio como prova irrefutável de que havia algo estranho no ar, a Democracia que se lixe, o interesses pessoais dos políticos brasileiros estão acima disso, acima do que estabelece a Constituição Federal e muito acima da soberania do voto popular. 
 
A Folha tem seu infinto direito de divulgar ou não fatos como este, tem a credibilidade necessária para embasar as notícias que os grupos de esquerda denunciavam muito antes da votação do processo de Impeachment da Presidente Dilma. 
 Será que algo não agradou após a posse de Temer ou o maior Jornal do país só esta fazendo uso de uma informação em tempos distintos, apenas visando a views e venda de exemplares  que este tipo de "furo" costuma produzir. 
 Apesar da publicação ser inédita na grande imprensa, os blogs sujos e jornalecos já haviam dado enfase a uma certa operação abafa, que teria sido discutida entre PMDB e PSDB em Belo Horizonte, assim que o nome de Aécio Neves apareceu em uma sétima delação vinculada a operação Lava Jato. 
 Semanas antes da votação do processo de impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff na Câmara, em março, o atual ministro do Planejamento, 
Romero Jucá (PMDB-RR), sugeriu em conversas com o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado que uma “mudança” no governo resultaria em um pacto para “estancar a sangria” atribuída à Operação Lava-Jato. As informações foram divulgadas pelo jornal “Folha de S. Paulo” na edição desta segunda-feira. 
 SÉRGIO MACHADO - Mas viu, Romero, então eu acho a situação gravíssima. 
 ROMERO JUCÁ - Eu ontem fui muito claro. [...] Eu só acho o seguinte: com Dilma não dá, com a situação que está. Não adianta esse projeto de mandar o Lula para cá ser ministro, para tocar um gabinete, isso termina por jogar no chão a expectativa da economia. Porque se o Lula entrar, ele vai falar para a CUT, para o MST, é só quem ouve ele mais, quem dá algum crédito, o resto ninguém dá mais credito a ele para porra nenhuma. Concorda comigo? O Lula vai reunir ali com os setores empresariais? 
 MACHADO - Agora, ele acordou a militância do PT. 
 JUCÁ - Sim. 
 MACHADO - Aquele pessoal que resistiu acordou e vai dar merda. 
JUCÁ - Eu acho que... 
 MACHADO - Tem que ter um impeachment. 
 JUCÁ - Tem que ter impeachment. Não tem saída. 
 MACHADO - E quem segurar, segura. 
 JUCÁ - Foi boa a conversa mas vamos ter outras pela frente. 
 MACHADO - Acontece o seguinte, objetivamente falando, com o negócio que o Supremo fez [autorizou prisões logo após decisões de segunda instância], vai todo mundo delatar. 
 JUCÁ - Exatamente, e vai sobrar muito. O Marcelo e a Odebrecht vão fazer. 
MACHADO - Odebrecht vai fazer. 
 JUCÁ - Seletiva, mas vai fazer. 
 MACHADO - Queiroz [Galvão] não sei se vai fazer ou não. A Camargo [Corrêa] vai fazer ou não. Eu estou muito preocupado porque eu acho que... O Janot [procurador-geral da República] está a fim de pegar vocês. E acha que eu sou o caminho.

[...] 
 JUCÁ - Você tem que ver com seu advogado como é que a gente pode ajudar. [...] Tem que ser política, advogado não encontra [inaudível]. Se é político, como é a política? Tem que resolver essa porra... Tem que mudar o governo pra poder estancar essa sangria.

[...] 
 MACHADO - Rapaz, a solução mais fácil era botar o Michel [Temer]. 
 JUCÁ - Só o Renan [Calheiros] que está contra essa porra. 'Porque não gosta do Michel, porque o Michel é Eduardo Cunha'. Gente, esquece o Eduardo Cunha, o Eduardo Cunha está morto, porra. 
 MACHADO - É um acordo, botar o Michel, num grande acordo nacional. 
 JUCÁ - Com o Supremo, com tudo. 
MACHADO - Com tudo, aí parava tudo.
 JUCÁ - É. Delimitava onde está, pronto.

[...] 
 MACHADO - O Renan [Calheiros] é totalmente 'voador'. Ele ainda não compreendeu que a saída dele é o Michel e o Eduardo. Na hora que cassar o Eduardo, que ele tem ódio, o próximo alvo, principal, é ele. Então quanto mais vida, sobrevida, tiver o Eduardo, melhor pra ele. Ele não compreendeu isso não. 
JUCÁ - Tem que ser um boi de piranha, pegar um cara, e a gente passar e resolver, chegar do outro lado da margem.

* ]
MACHADO - A situação é grave. Porque, Romero, eles querem pegar todos os políticos. É que aquele documento que foi dado... 
 JUCÁ - Acabar com a classe política para ressurgir, construir uma nova casta, pura, que não tem a ver com... 
 MACHADO - Isso, e pegar todo mundo. E o PSDB, não sei se caiu a ficha já. 
 JUCÁ - Caiu. Todos eles. Aloysio [Nunes, senador], [o hoje ministro José] Serra, Aécio [Neves, senador]. 
 MACHADO - Caiu a ficha. Tasso [Jereissati] também caiu? 
 JUCÁ - Também. Todo mundo na bandeja para ser comido.

[...] 
 MACHADO - O primeiro a ser comido vai ser o Aécio. 
 JUCÁ - Todos, porra. E vão pegando e vão... 
 MACHADO - [Sussurrando] O que que a gente fez junto, Romero, naquela eleição, para eleger os deputados, para ele ser presidente da Câmara? [Mudando de assunto] Amigo, eu preciso da sua inteligência. 
 JUCÁ - Não, veja, eu estou a disposição, você sabe disso. Veja a hora que você quer falar. 
 MACHADO - Porque se a gente não tiver saída... Porque não tem muito tempo. 
 JUCÁ - Não, o tempo é emergencial. 
 MACHADO - É emergencial, então preciso ter uma conversa emergencial com vocês. 
JUCÁ - Vá atrás. Eu acho que a gente não pode juntar todo mundo para conversar, viu? [...] Eu acho que você deve procurar o [ex-senador do PMDB José] Sarney, deve falar com o Renan, depois que você falar com os dois, colhe as coisas todas, e aí vamos falar nós dois do que você achou e o que eles ponderaram pra gente conversar. 
 MACHADO - Acha que não pode ter reunião a três? 
 JUCÁ - Não pode. Isso de ficar juntando para combinar coisa que não tem nada a ver. Os caras já enxergam outra coisa que não é... Depois a gente conversa os três sem você. 
 MACHADO - Eu acho o seguinte: se não houver uma solução a curto prazo, o nosso risco é grande.

 MACHADO - É aquilo que você diz, o Aécio não ganha porra nenhuma... 
 JUCÁ - Não, esquece. Nenhum político desse tradicional ganha eleição, não. 
 MACHADO - O Aécio, rapaz... O Aécio não tem condição, a gente sabe disso. Quem que não sabe? Quem não conhece o esquema do Aécio? Eu, que participei de campanha do PSDB... 
 JUCÁ - É, a gente viveu tudo.

 JUCÁ - [Em voz baixa] Conversei ontem com alguns ministros do Supremo. Os caras dizem 'ó, só tem condições de [inaudível] sem ela [Dilma]. Enquanto ela estiver ali, a imprensa, os caras querem tirar ela, essa porra não vai parar nunca'. Entendeu? Então... Estou conversando com os generais, comandantes militares. Está tudo tranquilo, os caras dizem que vão garantir. Estão monitorando o MST, não sei o quê, para não perturbar. 
 MACHADO - Eu acho o seguinte, a saída [para Dilma] é ou licença ou renúncia. A licença é mais suave. O Michel forma um governo de união nacional, faz um grande acordo, protege o Lula, protege todo mundo. Esse país volta à calma, ninguém aguenta mais. Essa cagada desses procuradores de São Paulo ajudou muito. [referência possível ao pedido de prisão de Lula pelo Ministério Público de SP e à condução coercitiva ele para depor no caso da Lava jato] 
 JUCÁ - Os caras fizeram para poder inviabilizar ele de ir para um ministério. Agora vira obstrução da Justiça, não está deixando o cara, entendeu? Foi um ato violento... 
 MACHADO -...E burro [...] Tem que ter uma paz, um... 
 JUCÁ - Eu acho que tem que ter um pacto.

[...] 
 MACHADO - Um caminho é buscar alguém que tem ligação com o Teori [Zavascki, relator da Lava Jato], mas parece que não tem ninguém. 
 JUCÁ - Não tem. É um cara fechado, foi ela [Dilma] que botou, um cara... Burocrata da... Ex-ministro do STJ [Superior Tribunal de Justiça]

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